Postado em 20/05/2020
A quantidade de advogados e faculdades de Direito no Brasil está em constante expansão. Esse movimento, claro, satura o mercado e dificulta muito que profissionais, novos ou experientes, se destaquem na advocacia.
A solução para esse cenário é empreender na advocacia. Isso quer dizer que você deve enxergar o seu escritório como um negócio e aplicar estratégias empresariais na sua gestão e nas ações para divulgação e crescimento.
Mas será que isso é permitido? Que estratégias são essas? Continue lendo!
É permitido pela OAB o empreendedorismo na advocacia?
Uma das principais dúvidas dos advogados, tanto os recém-formados quanto os mais experientes, é se a OAB permite o empreendedorismo na área, ou se seria uma espécie de mercantilização.
É uma dúvida totalmente compreensível. Passamos toda a nossa vida jurídica ouvindo que a advocacia não pode ser mercantilizada, ouvindo ameaças a qualquer inovação ou estratégia de marketing, e sendo olhados como loucos quando fugimos do convencional.
No entanto, empreendedorismo não tem relação com mercantilização. Mercantilizar é tratar o serviço jurídico como um mero produto, fazer promoções financeiras (“50% de desconto!”; “Ligue já!”; “Pague uma ação e ganhe duas!”). Já empreender é apostar na gestão do escritório, em estratégias de atendimento ao cliente e em marketing dentro do contexto permitido pelo código de ética.
Assim, podemos perceber que empreender na advocacia é perfeitamente possível e permitido pela OAB.
5 dicas de estratégias de empreendedorismo na advocacia
1ª Dica: Realizar o controle financeiro
A grande maioria que está lendo este texto vai dizer que fez Direito por querer evitar a matemática. Infelizmente, isso é impossível: a saúde financeira do seu escritório vai determinar a sua sobrevivência.
Por incrível que pareça, muitos advogados não têm ideia dos seus custos fixos e variáveis, de quanto custa para eles manter uma ação judicial, de quais seriam os seus honorários mínimos para não terem prejuízo. E, assim, vão fechando contrato atrás de contrato, muitas vezes pagando para trabalhar.
Isso é insustentável e gera, a médio prazo, até mesmo o fechamento do escritório.
O advogado deve entender seus custos, seu fluxo de caixa e saber identificar com antecedência se precisa tomar medidas mais enérgicas para prospectar clientes, ou mesmo se precisa rever o valor de seus honorários.
É muito comum o uso de planilhas Excel ou tabelas do Google para esse controle. Porém, à medida que seu negócio jurídico vai crescendo, surge outra falha: a dificuldade de alimentar essa planilha. Sem falar no receio de editar uma linha de forma errada e acabar perdendo informações importantes.
Como colocar isso em prática?
O primeiro passo para uma organização financeira equilibrada é entender se a sua cobrança de honorários faz sentido. Com isso ajustado, é importante atentar para as ferramentas que você utiliza no controle do seu fluxo de caixa.
Você pode contar com serviços como contadores e plataformas específicas, ou então soluções internas e voltadas à advocacia, como um software jurídico. Com esse tipo de ferramenta, é possível ter a gestão financeira alinhada às informações de clientes, casos e processos.
As melhores opções do mercado permitem controle do fluxo de caixa, elaboração de relatórios e emissão de boletos. Isso torna mais fácil a prestação de contas ao cliente, entre outros benefícios.
2ª Dica: Padronização do serviço
Quando temos mais de uma pessoa trabalhando em um escritório, pode haver problemas na qualidade da produção jurídica. Afinal, cada advogado tem seu método de trabalho.
Nesses casos, é importante padronizar os procedimentos do escritório.
É preciso pensar nas seguintes questões: quem é responsável por acompanhar os prazos processuais? Como os responsáveis são informados dos prazos a cumprir? Qual é o passo a passo para a elaboração e o protocolo de petições, ou para a elaboração e o envio de pareceres? Com que antecedência as demandas devem estar prontas? Qual é o padrão de escrita e formatação dos documentos?
Esses pontos são importantes tanto para garantir a qualidade do serviço quanto para passar a ideia de unidade do escritório perante terceiros, além de assegurar que haja medidas para evitar, a qualquer custo, a perda de prazos.
3ª Dica: Produtividade
Dias de trabalho extremamente longos não são mais aceitáveis atualmente, apesar de ainda serem um padrão no meio jurídico. Há diversos estudos que mostram que, acima de 8 horas de trabalho diárias, as pessoas produzem menos.
Ou seja, uma pessoa que trabalha 10 horas por dia, em regra, produz menos que uma pessoa que trabalha 8 horas por dia.
Nesse contexto, é preciso que os advogados procurem formas de aumentar a sua produção, reduzindo o tempo de trabalho. Sendo um escritório, é necessário treinar todos nessas técnicas, além de fornecer um ambiente propício para a sua implementação.
Aumentar a produtividade é uma estratégia dos melhores empreendedores, que produzem cada vez mais com menos recursos.
4ª Dica: Atendimento ao cliente
Prestar um bom atendimento é a peça principal para a fidelização de clientes. De nada adianta ter controle financeiro e um excelente serviço jurídico se os seus clientes não estão satisfeitos com o atendimento que recebem, certo? No entanto, são poucos os escritórios e os advogados que realmente pensam na experiência do cliente, no seu passo a passo, desde antes da assinatura do contrato até o fim de seu relacionamento.
Os poucos que pensam se diferenciam muito dos demais e aumentam exponencialmente o número de clientes que retornam e de indicações de clientes antigos e atuais.
Há pesquisas que apontam que fazer novos negócios com um cliente antigo tem um custo até 7 vezes menor do que o custo de buscar um novo cliente. Além disso, considerando a proporção de clientes para cada advogado no Brasil, não podemos nos dar ao luxo de perder bons clientes.
Assim, vemos que procedimentos e padrões de atendimento ao cliente são imprescindíveis.
5ª Dica: Marketing para empreendedorismo na advocacia
O marketing veio por último propositalmente. Primeiro, porque os itens anteriores refletem a imagem do escritório, a sua marca, e claramente são essenciais para o seu marketing. Em segundo lugar, não adianta colocar clientes para dentro se sua casa não estiver arrumada.
Mas com tudo definido, é importante definir as estratégias possíveis de marketing jurídico e de divulgação dos advogados e do escritório como um todo. Para fazer marketing jurídico, é essencial conhecer o código de ética da OAB, de modo que se saiba o que é permitido e o que é proibido.
No marketing jurídico, o principal ponto é a produção de conteúdo jurídico, que fornece informações importantes a clientes em potencial, ajudando a expor a especialidade do advogado.
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